quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Debate dos candidatos ao Governo do Estado de São Paulo, comentado por Rogério Saraiva Junior.


Nesta última terça-feira, dia 28, em nobilíssimo horário, realizou-se o último debate entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo, tal foi transmitido pela notória Rede Globo de Televisão. Deste participaram os seguintes candidatos: Geraldo Alckmin, do PSDB, Aloísio Mercadante, do PT, Fábio Feldman,do PV, Paulo Búfalo, PSOL, Celso Russomano, do PP e Paulo Skaff, do PSB; a mediação do debate coube a imparcialíssima personalidade do renomado jornalista Chico Pinheiro.

Em um pleito com tanto candidatos extremamente capazes de assumir o Palácio dos Bandeirantes, ou pelo seu renome e experiência ou por seu ímpeto renovador e excelentíssimas propostas, o debate faz-se fundamental para que o colégio possa se decidir, vendo as reações às perguntas e respostas dos demais e suas opiniões para com importantíssimos assuntos que fazem-se pertinentes a todos os habitantes do estado.

Não podemos nós, Paulistas e Brasileiros das demais Unidades da Federação, deixar o status de “fala sozinho” cair sobre os debates políticos, pois a informação é quão preciosa quanto o ouro nessas horas. Deixo como exemplo o debate ocorrido em 2008, pela prefeitura de meu município, o Guarujá. No qual o outrora prefeito Farid Maddi, de fato, perdeu o pleito para nossa atual prefeita Maria Antonieta, por suas respostas e principalmente por suas conjecturas as administrações passadas do finado ex-prefeito Maurici Mariano, cuja viúva viera a ser nossa vice-prefeita.

Fiz questão de acompanhar o debate, não voto mas tenho sempre a vontade de formar minha opinião sobre tais assuntos, para não padecer a pútrida ignorância. E já que isso fiz, deixo registrado minhas conjecturas sobre o que foi falado, afinal, sendo eu desvinculado a qualquer partido político que concorra a esse pleito, não irei “puxar a sardinha” para nenhum concorrente, sendo imparcial como deveriam ser os jornais e emissoras, que sempre diferem quanto àquele que foi melhor no debate, ou que quis fugir de um confronto de caráter mais direto.

Por formalidade, a seqüência em que se colocariam os participante fora decidida por um sorteio previamente feito e as regras foram estipuladas pelo já conhecido matemático Oswald de Souza.

Ao inicio o nobre mediador pediu uma salva de palmas aos concorrentes e logo após pôs-se a inicia o debate que começou com a pergunta formulada por Paulo Búfalo, do PSOL. Porém não entrarei no mérito da questão das perguntas, analiso eu as respostas e o modo a qual elas foram ditadas.

Alckmim, logo de início, pôs-se a falar de seu mandato, passando pela sua infância e sobre suas realizações, a réplica foi frontalmente opositora ao que falava-se. Alcmim treplicou a Búfalo desmentindo em parte sua réplica, alegando melhoras.

Alckmim perguntou a Skaff sobre habitação e este o respondeu com firmeza, certeza quase que absoluta, na sua já conhecida elegância. A réplica do “picolé de Chuchu” veio a completar e argumentar a resposta, porém sempre enaltecendo as realizações e “vendendo seu peixe”. A tréplica foi frontal, principalmente à “Vila dignidade”, que ocupou parte da réplica.

Skaff direcionou pergunta a Mercadante, não explorando seus erros, mas sim perguntando de forma esclarecedora, porém a resposta veio a enaltecer feitos do Governo Federal e maldizer os antigos governos. Mercadante desviou um pouco o foco da pergunta, que passou de emprego para educação. Skaff usou em sua réplica parte de sua pergunta e veio a perguntar sobre as refinarias de Paulínia e de sua evasão e disse que Mercadante “não Lutou” para isso evitar. Mercadante, descaradamente mentiu e desviou o assunto para o pré-sal.

Mercadante agora pergunta agora para Russomano sobre desenvolvimento econômico, utilizando os antigos governos como base para uma boa pergunto. Passado uns cinco segundos de cumprimentos Russomano responde utilizando o ICMS de São Paulo e os pedágios, não esclarecendo muito bem a pergunta de início, prometeu baixar os impostos e pedágios, afirmando que isso faz o estado crescer. Mercadante cita novamente os antigos governos, confirmando as acusações de Russomano e falando explicitamente mal do PSDB e, claro, vendendo suas propostas. Russomano fala da poupança – “...ela não chega a 1%...- e ratificou suas conjecturas.

Russomano usa a guerra do Iraque como base para a pergunta sobre segurança, feita a Feldman, pergunta qual fora muito boa. Feldman afirma que o caminho é combater o crime organizado e os “empreendedores do mal”, afirmando sua tolerância zero ao crime organizado. A PEC300 é falada por Russomano em sua tréplica e pergunta novamente a Feldman, que apóia as melhorias à polícia e ratificas as opiniões expostas.

Feldman agora pergunta a Búfalo sobre saúde, usando dados e perguntando muitíssimo bem ao candidato. Búfalo afirma que a Nestle quer frear o aleitamento materno, fala também sobre doenças na maturidade e as mazelas do SUS, afirmando que isso é feito pelo Estado para fomentar a economia privatizada. Em sua réplica Feldman diz que devemos insistir em prevenção e em combate a poluição e a agrotóxicos. Búfalo concorda plenamente quanto a saúde preventiva, afirmando que o estado deve voltar a fazê-la, porém sua resposta não foi muito bekm elaborada em minhas conjecturas, devido as suas comparações.

Findada a pergunta, terminou-se o bloco. Neste, o mediador errou algumas vezes quanto a quem sucederia a próxima pergunta e quanto ao tempo destinado a resposta do candidato ou de tréplica.

O segundo bloco teve tema livre, e quem abriu a rodada foi o candidato do PV, Fábio Feldman, que indagou a Geraldo Alckmim sobre as modificações sobre o Código Florestal. Alckmim afirmou que o nosso estado dá exemplo ao Brasil quanto ao assunto e formulou uma resposta desviando do assunto que não domina e retrucando os dados expostos pelos demais candidatos no bloco anterior, resposta totalmente equivocada e evasiva. A réplica ratificou as conjecturas expressas por Feldman, retrucando e pedindo compromisso aos participantes quanto ao código. Alckmim volta, em sua tréplica, a “corrigir” e a fugir do assunto.

Geraldo agora pergunta a Skaff quanto a agricultura, falando de suas “conquistas”. Skaff afirma que o investimento é pequeno em pesquisa agrícola e afirma que tal deve ter mais importância ao estado, falou também do seguro rural, citando os Estados Unidos, e por fim ratificou conjecturas quanto as invasões. Alckmim, em sua tréplica, fez mais propaganda, desviando do assunto e tirando o foco, por fim fez uma pergunta quanto a parques ecológicos, que disse que o investimento, confirmando o dito anteriormente, que o investimento é muito “pequenininho”.

Skaff pergunta a Mercadante sobre o pré-sal, que veio a cutucar Geraldo Alckmim, dizendo que este evita o confronto com ele, no resto da resposta ele veio a enaltecer a captação da última sexta-feira e a cutucar os antigos governos. Por fim disse que a educação deve ter grande investimento com o dinheiro vindo do pré-sal. Skaff replicou muito bem, explicou um pouco demais o termo railtiles e cutucando Mercadante, que treplicou com dados e mais dados cutucando PSDB e DEM.

Mercadante volta ao tema da segurança e pergunta a Russomano sobre o futuro da polícia de São Paulo. Russomano se indigna com os atuais condições dos policiais e volta aos salários policiais e, na onda de Mercadante, cutuca o PSDB. Mercadante, gaguejano um pouco, fala sobre a preocupação da população e sobre o policiamento comunitário. “Polícial bem pago, polícia eficiente”, esta ótima frase pode resumir a tréplica de Russomano.

Russomano pergunta a Búfalo sobre saúde e sobre seu quadro. Búfalo afirma que há um bate-bola entre aliados quanto as perguntas,porém responde com extrema loques e erudição a pergunta, dando riquíssimos exemplos verídicos em uma resposta “denuncia”. Russomano ataca as AMES e diz que o numero de construídas é precário e não deve ser usado como exaltante. Búfalo, em sua tréplica, enaltece o SUS verdadeiro e critica a proposta do Prouni da Saúde.

Búfalo pergunta a Feldman sobre sua opinião as empresas que desmatam, a resposta conta com aquecimento global e sobre o Congresso de Nagoya, afirma que as más práticas devem ser punidas quanto a questão ambiental, e propõem as licitação sustentável e a reforma tributária ecológica, ambas boníssimas respostas. Búfalo concorda e enaltece a posição opositora a Medida Provisória 458, e diz que todos, exceto seu partido, votaram a favor da Medida. A tréplica fala sobre a coerência para justificar a adoção de medidas não muito populares e também é abordada a coragem da candidata a presidência Marina Silva, que, por coerência, se afastou do PT.

Com tal tréplica finda-se o segundo bloco, começa-se a perceber as divergências partidárias entre os participantes, os ataques vão se tornando comuns e o nível é abaixado, digamos, em uma dose, pequena porém notável aos bons olhos.

Inicia-se o terceiro bloco do debate, com temas sorteados. O candidato que inicia é Celso Russomano, que dirige a pergunta a Alckmim, cujo tema é desenvolvimento do interior. Alckmim, novamente, se defende com dados publicados, informando que São Paulo tem os menores impostos, afirmando que Serra abaixou-os ainda mais, desmentindo Russomano. “O seu estado é o estado da Alice”, iniciou Russomano, dizendo que o interior não gera emprego, “Você conhece número para Chuchu!”, terminou. “Respeito é bom!”, retruca Alckmim, desmentindo tudo que Russomano falara.

Alckmim pergunta a Feldman sobre agricultura, que respondeu abordando a agricultura sustentável, consevação da água e afirmando que os produtos agrícolas devem seguir certificações quanto a pesticida e a desmatamento. A réplica conta com mais diminuição de impostos e, obviamente, com mais promessas tucanas. Cita-se ainda o Pró-trator e as Estradas vicinais. Feldman afirma que a agricultura de São Paulo deve seguir a estrada certa, conservando o meio e servindo-nos.

Com o tema ação social, Feldman pergunta a Mercadante, com base no bolsa família. Mercadante fala mal novamente de Alckmim, dizendo que ele não o confronta. Mercadante engrandece o bolsa família e dis estar indignado com a situação educacional do estado, fugindo um pouco do assunto, mas elucidando um pouco. Feldman diz que os programas sociais devem ter mais empreendedorismo para que os assistidos possam deles saírem, galgando a saída da pobreza. Afirmando que a saída é a educação, Mercadante treplica, enaltecendo o prouni.

Mercadante pergunta sobre saneamento a Skaff, falando dos antigos governos Tucanos. Skaff, com sua erudição, digere muito bem a pergunta ao telespectador, o que é importante, passa a dizer que em seu governo exigirá da Sabesp 100% de tratamento de esgoto e combate a desperdícios. Mercadante confirma assuntos tratados, principalmente quanto ao desperdício. Novamente, na réplica, Mercadante cutuca Alckmim e o seu partido. A tréplica explora muito bem o ponto levantado.

Skaff pergunta a Búfalo sobre transporte, particularmente sobre estradas, ele responde que, para o partido, tal assunto é estratégico, recatou os pedágios e cutucou as promessas quanto ao transporte ferroviário em São Paulo, diz, também, que a tecnologia está ultrapassada e defende inestimento em tecnologia. Skaff, na réplica, critica o Rodoanel, Ferroanel e Rodovia dos Tamoios. Búfalo, diz que Skaff se contradiz quanto a interesses partidários , o que foi explanado com maestria.

Búfalo pergunta a Russomano sobre as monoculturas e queimadas, a resposta conta com “essa situação é grave”, cutuca Alckmim, e diz que a agricultua deve ter maiores investimentos, promovendo o pequeno agricultor e melhorando os preços, principalmente da laranja. A réplica de Búfalo, diz que tal assunto teve apoio do PP e, que sendo assim, Russomano contradiz-se. Russomano explora seu plano de governo, voltando as laranjas.

Termina o bloco, noto que o candidato do PSOL, Paulo Búfalo, tem a “mania” de sempre se referir aos demais como “vossa excelência”. Chico Pinheiro torna a errar e, principalmente, a se confundi com as regas, parecendo perdido quanto a ordem dos participantes. Digo agora que o nível não desceu uma dose, nesse bloco ele desceu um balde, e o ritmo dita que deve descer uma caixa d’água no próximo.

Inicia-se o último bloco, de tema livre, iniciado por Skaff com a pergunta tendo tema educação e endereçada a Alckmim. Alckmim diz que há uma série de desinformações, afirmando que não se há progressão continuada, chama atenção para o IDEB e se contradiz ao dizer que São Paulo temprogressão continuada e mesmo assim vai muito bem no IDEB. A réplica é envolta em preocupação, Skaff afirma que tal visão é equivocada e segue-se a promessa de se deixar as escolas iguais os SESI e SENAI. Alckmim afirma que deve-se dar a mão aos alunos e enaltece os dois professores na primera série, colocados por Serra.

Antes da próxima pergunta a transmissão torna-se inaudível por causa de chiados e o debate é interrompido pelos comerciais. Geraldo até percebe e aponta para frente em indagação ao o que estava a acontecer e Chico Pinheiro se perde mais ainda. Minutos depois o debate volta, com as desculpas do mediador.

Alckmim pergunta a Búfalo, atacando o PT e Mercadante, ao mesmo tempo que se defende de suas acusações. Búfalo responde dando exemplo o debate, o que foi de erudição tremenda, já que a pergunta era sobre resíduos sólidos, de restante a pergunta foi respondida com maestria e com ataques aos banqueiros. A réplica de Alckmim vem carregada de fatos conquistados no anterior governo. Búfalo, treplicando, denuncia que informações são ditas e não existem e acaba por não terminar a resposta devido a falta de tempo.

Búfalo faz a pergunta a Mercadante, “Para que não haja lamentações”. Mercadante responde falando novamente de Alckmim e fugindo da pergunta que continha Sarney, a respostas vem a limpar a imagem própria, ressaltando Dilma e Lula. Uma bela fugida. Búfalo replica explanando as bandeiras fundamentais carregadas pelo PSOL, aborda Collor, Sarney, Tiririca e Mulher Pêra. A tréplica foge novamente da questão e aborda, novamente, o governo Lula.

Com a pergunta a Feldman, sobre educação, Mercadante faz a pergunta. Feldman responde utilizando a Marina, diz também que a educação quando abordada no presente debate torna-se eleitoreiro e diz que deveria-se tratar do novo curriculum das escolas públicas. Mercadante replica falando de seu projeto e sobre futuros concursos públicos. Feldman treplicando, diz que deve-se aprofundar o debate no curriculum do século XXI, abordando novos ensinos além dos industriais.

Feldman pergunta a Russomano sobre saúde e Petrobrás. Russomano fala de sua história na resposta e desvia para a questão dos lixões, mas retorna a dizer que apóia qualquer projeto ambiental, porém volta a “escorregar do assunto” falando sobre um projeto seu que fora adotado em outros países. Aborda também a Sabesp e apoluição.

A réplica exige provas do amor para com o meio ambiente declamado por Celso e pelos demais candidatos. Treplicando, Russomano explora o passado de Feldman e Alckmim e cita até o diabo em sua sentença.

Russomano encerra a rodada perguntando a Skaff sobre segurança pública. Skaff responde utilizando o crime organizado como causa da diminuição de homicídios, recatou os discursos eleitoreiros e diz que deve-se centralizar o poder policial e apoiou a PEC300. Russomano replica dizendo que as pessoas devem entrar em sites sociais para dividir experiências com assaltos, para que o poder público possa finalmente investir em segurança pública. A tréplica diz que os políticos quando pensam em segurança pública, pensam na próxima eleição, ao contrário dele.

As considerações finais não são interessantes a esse artigo, afinal se trata de uma propaganda política explícita.

O debate não desceu de nível uma caixa d’água, porém ele ficara pela metade, e confesso, desceu menos do que eu esperava. E agora após muito pensar chego a conclusão que os melhores participantes do debate foram Paulo Skaff e Paulo Búfalo. Se eu votasse ficaria entre estes dois socialistas, ambos por terem propostas diferentes, decisão nas respostas e, quando citaram os demais partidos, não foi de forma pejorativa. Nenhum dos dois citaram diretamente os concorrentes e manteram o nível alto durante todo o debate e não se contradisseram em instante nenhum.

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