sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Debate dos Presidenciáveis, comentado por Rogério Saraiva Jr.

             Como pudemos apreciar na última terça-feira o debate dos candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, hoje, dia 30 de setembro, iremos apreciar, novamente em horário nobilíssimo pela Rede Globo de Televisão,  o último debate dos presidenciáveis para as eleições do ano de 2010. Irão debater os candidatos José Serra, do PSDB, Dilma Rousseff, do PT, Marina Silva, do PV e Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.
            Mas vale lembrar que hoje é o último dia da campanha eleitoral obrigatória para o primeiro turno nas rádios e na televisão. O divertimento político favorito dos brasileiros termina agora, para retomar somente se houver segundo turno, porém, se voltar, o verdadeiro brilho dele estará perdido,  já que os candidatos a deputados federais e estaduais, os mais engraçados, já estarão eleitos.
            A mediação do debate caberá ao jornalista e editor-chefe do Jornal Nacional, Willian Bonner, que terá a árdua tarefa de manter a harmonia entre os participantes que  com certeza irão tudo fazer para chamar a atenção para si mesmo.  Como o debate anterior, o dos governadores, o nível do debate descerá meia caixa d’água, dose por dose. Mas, apesar disso, certamente teremos uma oportunidade una e iluminadora de decidir, na reta final, o voto para o mais importante cargo político vigente.
            Aproveito a oportunidade para demonstrar a minha indignação quanto a exclusão dos candidatos de menores índices para este debate, os senhores José Maria Eymael, do PSDC, Levy Fidelix, do PRTB, Ivan Pinheiro, do PCB, Zé Maria, do PSTU e Rui Pimenta, do PCO. Mesmo apresentando poucos votos, eles  devem sim participar dos debates, encaro isso como descriminação,  torna-se assim eleição em referendo.
            Agora, vamos aos comentários do debate, que seguirá os mesmos moldes do artigo sobre o debate dos governadores.  Como de costume o debate se inicia com a explanação básica sobre as regras, novamente criadas pelo matemático Oswald de Souza. Na platéia, Geraldo Alckmim aplaude a todos os participantes.
            Marina Silva abre o debate fazendo uma pergunta sobre Legislação trabalhista à Dilma, a fez com maestria e certeza. Dilma, em sua resposta, faz ovação ao governo de Lula, dizendo que antes deste os brasileiros tinham que fazer bicos para viver, oscilando muito entre os tópicos e mudando um pouco do assunto emprego para a segurança e redução do IPI. A réplica contou com críticas a resposta, segundo Marina, Dilma não respondeu muito bem. A réplica teve a loques já costumeira de Marina. A tréplica de Dilma, relembra 2005 e aborda os estados Unidos e a Europa, pula-se para mantimento de direitos e vai-se ao crescimento econômico.
            Agora, Dilma pergunta a Plínio de Arruda sobre funcionalismo público, enrolando um pouco. Plínio apóia-se no governo de Lula e Dilma para explorar o que a sua proposta de funcionalismo não é. Demonstra-se contra as privatizações, segundo ele esta diminui o servidor. Plínio pigarreia um pouco e indaga a Dilma sobre privatizações e sobre tercearizações. A réplica inicia-se falando que no “Governo do Presidente Lula” não houve o que Plínio abordou, Dilma gagueja mas consegue passar a mensagem bem, sem titubeação. A tréplica conta com a “denuncia” que a Petrobrás não é pública, cita-se Eike Batista, mas volta-se, finalmente, ao foco da questão, porém tudo bem explanado.
            Com o tema impostos e com a anedota “ih ele gosta disso...”, Plínio pergunta a “Zé” Serra, porém não termina a pergunta, perdeu algum tempo entre os papéis e piadas. Sem pergunta formulada, Serra se apóia na pequena afirmação de Plínio, porém cita-se muito os tempos em que Serra era ministro e, como já previa, a resposta só reafirma proposta de campanha, dando-se vários exemplos de impostos que foram abaixados. Na réplica, Plínio, fala diretamente com o telespectador e pega brechas do texto de Serra, e até mesmo aponta bons pontos da resposta e indaga o compromisso de Serra. Na tréplica o candidato coloca-se contra a proposta de Plínio, porém o assunto não foi bem dominado, cita-se Dilma e o Governo Federal.
            Serra agora pergunta sobre previdência a Marina Silva, em indagação  do jeito que ele gosta, “Genérica”. Marina cita problemas de previdência, e postula que tais devem ser resolvidos enquanto a população ainda é jovem. Cita que em tempos de eleição os políticos resolvem tudo, porém se propõem a solucionar tais enquanto seu mandato. A réplica cita a Assembléia Constituinte e defende mudanças a curto prazo e aumentos  de aposentadorias e de salários mínimos, citam-se vacinas e outros feitos. Marina inicia a tréplica abordando problemas dos aposentados e diz que a juventude tem sido esquecida.
            Encerra-se o primeiro bloco. Percebo certa insegurança naqueles que eu achava serem os mais preparados para tal, a candidata Petista e o candidato Tucano. Porém Plínio parece um pouco desorganizado com os papeis, porém aparenta estar relaxado quanto  a situação. Marina aparenta estar suando no tablado, mesmo com o aparente ar condicionado, será nervosismo? Afinal, por que em um ambiente com ar refrigerado tira-se o casaco? De resto ela vai bem, o suficiente para, até, atacar diretamente a candidata Dilma, que até agora só falou de feitos que não vieram somente dela, mas de outros ministérios e do Governo Federal.
            Dilma abre o segundo bloco perguntando a Marina, revanchismo, sobre ferrovias. A resposta conta com um latu sensu maravilhoso, explanado muitíssimo bem, a pergunta não foi digna de uma resposta tão bem formulada. Abordou bem seu plano de governo e atacou levemente o governo FHC. A réplica retruca Marina, abordando a Ferrovia Norte-sul e já cita “o MEU Governo” abordando exportações e hidrovias. A Tréplica re-intera as conjecturas.
            Senti uma falta de domínio do assunto por Dilma e um leve desvio pela candidata do PV.
            Marina escolhe o “Governador Serra” para perguntar sobre desastres naturais. Serra responde muito bem a pergunta, aborda seu projeto da Defesa Civil Nacional e apontou soluções sobre queimadas. Abordou investimentos de quando era governador e criticou a esfera federal, chamando-a de lenta com razão. A réplica conta com o Morro do Bumba e dos Prazeres e com a proposta de um Sistema Nacional de Alerta e cita com sapiência o governo federal estourando o tempo.  Serra critica o investimento federal no assunto, abordando em sua tréplica também seus feitos nas ex-favelas.
            Serra pergunta agora a Plínio sobre metrô, explorando muitos exemplos. Plínio concorda com Serra e da ênfase aos prejuízos que tem os transportes ferroviário e hidroviário no governo de Serra. Serra fugiu da pergunta feita no0 fim da resposta, tornando a discursar contra o governo federal e  cita seus planos para o metrô. Plínio pergunta com que dinheiro Serra irá fazer essas obras, cita a dívida e, com toda sua loques, fala que se não houver mudanças na dívida a s propostas são sem pé nem cabeça.
            Plínio pergunta a Dilma sobre o seu partido, mais espeicificamente sobre por que não fala sobre o seu partido. Dilma aproveita a deixa para gerar ovações ao PT, destacando vários pontos petistas e do antigo governo. Cita ascensão social e outros tópicos voadores. Em resposta a Dilma, Plínio pede votos e cita vários pontos em que  o seu partido é mais transparente que os demais.  A tréplica conta com retruco  moderada e gaga sobre as doações, que gera risos, quando se diz que todas as doações são oficiais.
            Termina o segundo, demonstrando queda de nível por todos os candidatos, principalmente Dilma, Serra e Plínio. Marina parece temer ataques mais sujos, certa está ela. Todos tentam escapar de certos assuntos. Serra e Dilma, finalmente, esboçam algo em comum, ambos usam trunfos de suas experiências para se manter no debate.
            Inicia-se o terceiro bloco, tendo a pergunta inicial com o tema habitação. Serra pergunta a Marina, apoiando-se com certa veracidade no governo federal. Marina responde com calma e um pouco de gagueira, apoiando-se no feminismo. A réplica teve abordagem na regularização e citou-se como “Governador das 60 mil casas”.Aborda investimentos e cita também a Vila Dignidade. Marina, em sua tréplica, sita mágica, tal que não houve durante os governos de Serra, segundo ela uma vergonha.
            Agora Marina pergunta sobre segurança a “Ministra”  Dilma, que responde evasivamente de começo e passa a falar de parcerias com governos e prefeituras, gaguejando um pouco, para camuflar pensamentos. Dilma dá uma pequena escorregada no português, entre uma gaguejada e outro. Marina, na réplica, pergunto por que o que a candidata petista falou ainda não foi feito. A candidata ainda cita dados  com eloqüência e lucidez. “Vamos falar de coisas concretas”, inicia a tréplica e ainda diz que tais serão feitos se certo candidato for eleito governador.
            Com pergunta direcionada a Plínio, Dilma pergunta sobre saneamento. Plínio fala que para se resolver os problemas de saneamento deve-se reverter o dinheiro da dívida para o saneamento. Diz ainda que tais propostas são meras boas intenções. Colando, Dilma replica usando dados de seu e do governo anterior. Cita “grandes” projetos e começa a chover promessas, interrompidas pelo cronometro. “Não vai ter dinheiro”, diz Plínio na Tréplica. Diz ainda que tal política é igual a de FHC, e ainda cita a “Bolsa Credor”.
            Dando risadinhas, Plínio, pergunta a Serra sobre saúde, que responde usando argumentos feitos em 2000, e afirma que nos últimos oito anos a saúde foi à marcha reversa, e ainda citou participações do Governo Federal e do PSOL. Dessa vez com extrema loques. Plínio fala sobre o PIB e sobre falta de comprometimento, e propõem brigar com os bancos e com os poderosos. Serra parece meio perdido, misturando um pouco os assuntos e passa a falar de aumentos feitos pelo governo Lula, e disse que investimentos citados são falsos.
            Termina o bloco, certo atrito paira sobre os palanques. Marina contra Dilma, Serra contra Plínio e Dilma. Para o deleite dos brasileiros, o debate até mantém um bom nível, porém não sei dizer se o ringue foi montado ou o circo armado.
            Plínio abre o bloco perguntando a Dilma sobre jornada de trabalho e outros tópicos, mandados diretamente. Dilma se perde totalmente quanto a perguntas sobre moradias, gagueja e não domina o assunto e começa a falar sobre o Minha Casa, Minha Vida. Fala sobre os direitos das mulheres terem titularidade do imóvel. Os dois outros tópicos são generalizados e muda-se de assunto totalmente. A réplica conta com explicações  sobre o programa do aluguel compulsório e, Plínio, afirma que isso somente fomenta a especulação imobiliária. Dilma retruca as afirmações de Plínio e fala da importância de um lar própria, desmentindo o fomento.
            Dilma pergunta com certa loques a Marina Silva, com tema tão mal explanado que não pude defini-lo. Marina, responde muito bem, usando o programa de governo e as bandeiras do seu partido. Cita o Plano Real e seu criador. Critica a poupança interna e a educação, e explora suas conjecturas muitíssimo bem. Replicando, Dilma diz que não se deve ter teorias e sim ações, cita ainda o governo Lula como “nós” e mantém o já conhecido jargão referente a crise “último a entrar e primeiro a sair”. Marina, em sua tréplica, afirma que  Serra e Dilma seriam apenas gerentes, não presidentes.
            Fazendo à Serra, Marina pergunta sobre os pronunciamentos contra o bolsa-família. Em resposta Serra explora o Bolsa-alimentação, Bolsa-escola e afirma que o Bolsa-família foi apenas a junção deste e promete desenvolvê-lo. Cita Geraldo Alckmim e outros políticos que fizeram programas semelhantes ao Bolsa-Família. Marina, na réplica,pede calma a Serra e afirma ser políticas sociais importantes, assunto a ser repetido em todos os debates e critica diretamente Serra. Com a tréplica, Serra compara Dilma a Marina e fala que a concorrente estava no governo do Mesnalão e cita novamente o Bolsa-alimentação, estourando o tempo.
            Tendo o foco o governo e seus reajustes, Serra pergunta a Plínio, que acusa estar os governos  servindo ao capital, cita várias falhas da saúde, dando exemplos maravilhosos e fidedignos as bandeiras do partido. Cita ainda o “sistema” e se martiriza um pouco, mas explorando claramente a verdade. A resposta foi aplaudida. Serra usa de repartição de cargos, falhas e promessas para estruturar a réplica. Abordando os genéricos estoura o tempo. Plínio, na tréplica, faz uma cisão entre propostas radicais e razoáveis, e que os candidatos oscilam entre esses dois.
            O debate propriamente dito acabou, agora nos vem as considerações finais e eleitoreiras.
            Foi um debate que eu me orgulho de ter visto, para ver como o eleitor é tendencioso, que influi-se facilmente com as pesquisas. Agora, o melhor do debate, com toda a certeza foi o Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.
            Hoje respondi a uma pesquisa eleitoral, e nela deixei meu ímpeto monarquista me guiar, considerando que não estava a favor de nenhum dos candidatos; mas neste debate minhas conjecturas modificaram-se. Se eu votasse, eu votaria com orgulho no único candidato que usou não só obras, falhas,méritos e deméritos, mas que utilizou do pensamento crítico, da verdade e de excelentíssimas propostas. Pela primeira vez pensei em votar em um socialista para um cargo tão importante.

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