domingo, 25 de julho de 2010

Estagnação musical, reflexo do brasileiro.


Há um grandioso problema em achar que algo é fácil, a acomodação. Quando algo é desafiador temos que nos desdobrar para obter o escopo almejado, porém com a facilidade passamos a seguir uma espécie de molde pré-pronto, fazendo-nos acomodar as inovações e idéias.
E atualmente a musica produzida pelos "novos astros", se assim posso os chamar, em solo brasileiro tem seguido esse modo pré-pronto que ofende a cultura e os verdadeiros compositores, e, somente, servem ao capitalismo e as suas conjecturas de venda, venda e mais venda.
Caminhando a passos largos à completa estagnação musical, desprezamos a música que nos faz pensar e passamos a venerar as de as argumento repetitivo que já decodificamos e assimilamos desde pequeninos.
Infelizmente posso dividir a musicalidade brasileira em poucos grupos, vamos a eles:
O primeiro grupo, o maior deles; compõem esse grupo aqueles que fazem músicas para, geralmente, o público mais novo e,na maioria dos casos, apoiam-se em temas muitíssimo recorrentes: conquistar o amor, falar do amor, falar de como perdeu o amor e cantar sobre o amor incompreendido. Esse grupo abrange do pop rock ao mais símples pagode.
O segundo grupo é aquele que abrange as músicas com temas libidinosos, imbuídos em gírias muitas vezes incompreensíveis e alienadas. Tais "músicas" ainda garantem-se abordando temas violentos e abusam de palavrões praticados de forma equivocada simplesmente para gastar-se o latim e utilizados sem pensamento poético algum.
O Terceiro, é formado pela aquelas "músicas chicletes" que todo mundo grava por ser totalmente vazia de conteúdo e que tem uma melodia com dois acordes, para facilitar a assimilação pelas notas.
Finalmente o quarto grupo,o mais escasso, aqueles que raciocinam antes de escrever a letra. Aqueles que abordam crítica social, crônicas, palavras utilizadas em perfeita concordância e com verbos conjugados de modo correto. Tais músicas, muitas das vezes, eram praticamente cifradas, com verdadeiras mensagens implícitas, essas eram feitas principalmente durante os anos de chumbo.
Paralelos a todos esses estilos e não se encaixando em nenhum deles está a música religiosa e a gospel.
Mas o que levou a isso?
Consumo do mercado e exigência do público em quantidade e não em uma qualidade concreta.
Um artista lançava um vinil a cada 2 ou 3 anos, com músicas bem compostas com assuntos variados e bem explorados, e essas músicas eram ouvidas por anos. Hoje em dia lança-se um cd por ano e com músicas repetitivas e mal versadas, e nesse espaço vago ainda se lançam músicas digamos que soltas.
Diminui-se o tempo, concomitantemente a qualidade.
Porém o público tem sua parcela de culpa por não exigirem uma parcela de qualidade significativa para ser ouvida, ou pelo menos com temas variados. Assim só agem aqueles que viveram em uma época que as músicas eram assim, ou aqueles que já acordaram para a verdadeira poesia musical.
Em suma consumo, venda e capital.
A arte é o reflexo do que somos, e o que hoje vemos? Somos e fazemos o que o dinheiro manda, até a na produção artística. Age-se assim também na moda, na produção artística, na política. Assim nós renegamos a cultura culta e ignoramos o futuro como se não fosse chegar e fazemos qualquer coisa sem qualidade no presente.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Arte Tumular, quão bela quanto sombria.


A arte, sempre bem retratada nos grandes museus do mundo, enfeita nossas paredes, adorna nossas janelas e nos enche os olhos nos fazendo chorar, rir, amar e sofrer. A arte pode ser retratada em estátuas, quadros, vitrais, imagens, afrescos, painéis e até mesmo túmulos. Túmulos? Sim, a arte tumular.
Os cemitérios mais antigos são verdadeiros museus a céu aberto, abrigando verdadeiras obras primas de quão delicado simbolismo que sua má interpretação gera a má imagem de que o cemitério é sombrio.
Mas consentimos que um local onde se repousam aqueles que já foram não é lá muito agradável para se fazer uma visita, porém observar apenas a "casca" desses sepulcros é de veras uma esperiencia agradável (ou semi-agradável).
Porém como toda arte ela tem regras, como a heráldica tem regras específicas de compreensão, feitura e leitura. Não se pode colocar um anjo apontando para baixo em qualquer túmulo, se colocassem no meu eu me sentiria profundamente ofendido, ja veremos por que.
Eis algumas coisas interessantes sobre essa arte, além de ser a ultima homenagem a pessoa falecida, essa arte tinha o escôpo de tornar os jardins onde se eram enterrados os mortos menos sombrios, afinal muitos eram enterrados nos terrenos de suas próprias famílias, e quando enterrados embaixo do assoalho da residência lá era erguido um singelo altar ou capelinha em honra ao falecido.
Mas a arte tumular não é aplicada apenas em cemitérios e mausoléus, os pantheons são marcados pelo estilo. O Pantheon dos Andradas, em Santos, é um excelente exemplo disso, nele , que foge um pouco as regras devido a grande honra de abrigar os Andradas, enaltece o valor heróico de seus homenagiados. Vale a pena visitar, eu visito sempre que possível.
Mas vamos as regras dessa "heráldica dos Túmulos" se assim posso chamar.
A escultura de Pietá demonstra que a família quer que o ente seja bem recebido pelo seus anjos. Para quem não sabe Pietá é uma forma de escultura que sempre aborda Maria com Jesus descido da Cruz ou recém Crucificado.
Olha o que eu disse um pouco antes, o Anjo que Aponta quer dizer, se ele aponta para baixo significa que o falecido teve uma vida merecedora de ir ao Inferno, se aponta para o céu ela merece ir, segundo julgamento social, para o céu.
Mas se o Anjo estiver pensativo, significa a incerteza do julgamento do falecido, ou seja, o cara foi bom o suficiente para cobrir algumas coisas más que o mesmo fizera.
Uma guirlanda significa o Triunfo da Vida sobre a morte, geralmente é posta no jazigo quando o ente escapa por pouco, muito raramente é feita com material ´permanente.
Se os pés de felino a beira do jazigo ou túmulo simboliza que aquele que esta alí morto sustentava a família ou algo importante, como uma instituição forte.
A coluna partida simboliza que o ultimo membro de alguma família tradicional se foi, deixando sua histórias e honra àqueles que ficam.
Um último ítem que podemos citar dessa arte é a escada, que simboliza os altos e baixos da vida do indivíduo.
A cidade de São Paulo quer tirar o medo de cemitério da população, realizando exposições e até mesmo visitas monitoradas com escolas entre outros grupos que visitam. E é uma visita muito compensadora afinal na capital estão enterrados personalidades como Jânio Quadros, Ayrton Senna, Adoniran Barbosa e os Mamonas Assassinas.
Tem uma senhora chamada Martha Correa que em seu blog posta vários exemplos de arte tumular, pelo que pude observar ela viaja a vários países e nesses visita os cemitérios recolhendo fotos dos mais belos exemplos da arte.
eis o link:
Uma das curiosidades que pude observar nele é que na Romênia os defuntos são enterrados de pé.
Outra curiosidade sobre tumulismo que posso falar aqui é sobre o túmulo de Napoleão Bonaparte, seu mausoléu foi construído de tal forma que para observar o ponto principal,o caixão do pequeno-grande líder, o visitante deve-se curvar, como se prestasse reverencia ao Imperador. Engenhoso não?
Outro curioso túmulo é o da nossa saldosa Dercy Gonçalves, ela foi sepultada, de pé, em uma espécie de pirâmide. Desculpe-me o trocadilho, mas era o fim mais provável para uma múmia (kk). A foto dessa postagem é do túmulo da Dercy, que é aberto a visitação.
Chega de falar de morte, afinal é um assunto que muito incomoda a alguns; até a próxima.